Micção frequente - Necessidade de urinar muitas vezes (2024)

Micção frequente é a necessidade de urinar com mais frequência do que o que é normal, ou seja, existe uma vontade frequente em urinar, tanto em pequenas como em grandes quantidades.

Esta micção frequente pode ocorrer de dia ou de noite, no entanto, é mais percetível e desagradável quando ocorre à noite (noctúria). Urinar frequentemente durante a noite pode ser desconfortável e pode também afetar o sono, traduzindo-se em cansaço durante o dia e com repercussões no trabalho e bem-estar geral da pessoa afetada.

A vontade em urinar de forma frequente pode ser devida a diversas patologias, como é exemplo a prostatite nos homens, infeções urinárias que podem afetar ambos os sexos, entre muitas outras causas. Veja mais informação em “causas para a micção frequente”.

Quantas vezes é normal urinar por dia?

A bexiga da maioria das pessoas é capaz de armazenar urina até que seja possível ir à casa de banho, normalmente, entre quatro a oito vezes por dia. Quando uma pessoa precisa de urinar mais de oito vezes por dia ou acorda à noite para ir à casa de banho, pode significar que está a ingerir demasiados líquidos, geralmente, muito perto da hora de dormir.

No entanto, a micção frequente pode também ter outras causas e patologias subjacentes, como diabetes, problemas na próstata, entre outros, que discutiremos mais tarde neste artigo.

É importante distinguir entre frequência de micção e incontinência urinária, onde ocorre vazamento de urina devido à perda de controlo da bexiga, embora os dois problemas possam coexistir.

Sinais e sintomas da micção frequente

Quando a micção frequente é provocada por alguma patologia subjacente, outros sinais e sintomas podem vir acompanhados da vontade de urinar súbita ou não tão imediata, a saber:

  • Dor ou desconforto ao urinar;
  • Sensação de ardência;
  • Urina com sangue (hematúria);
  • Urina escura ou turva;
  • Perda gradual do controlo da bexiga (incontinência urinária);
  • Dificuldade em urinar apesar do desejo de fazê-lo;
  • Aumento da sede e apetite;
  • Febre;
  • Calafrios;
  • Náuseas;
  • Vómitos;
  • Dor lombar;
  • Entre outros.

Note que estes sinais e sintomas variam bastante de acordo com as causas subjacentes, conforme discutiremos de seguida.

Causas da micção frequente

A micção frequente pode ocorrer após a ingestão de muitos líquidos ou devido a fenómenos psicológicos como a ansiedade, no entanto, é frequentemente um sintoma associado a várias doenças renais subjacentes e outro tipo de patologias, a saber:

Infeções urinárias

Infeções urinárias ou do trato urinário são uma das causas mais frequentes da micção frequente. As infeções urinárias são mais frequentes nas mulheres, no entanto também podem atingir o sexo masculino.

Assim, nos casos mais frequentes de infeções que atingem a bexiga as queixas mais comuns são dor, ardor ou desconforto ao urinar, necessidade de urinar muitas vezes e habitualmente em pequenas quantidades (“às pinguinhas”), urina turva (piúria) e/ou com mau cheiro, sensação inadiável para urinar (urgência miccional), entre outros.

Quando a infeção atinge e provoca inflamação da bexiga, a situação denomina-se cistite. Na cistite, além da vontade de urinar com muita frequência, há geralmente também dor na região do baixo ventre.

Saiba, aqui, tudo sobre cistite.

Saiba, aqui, tudo sobre infeções urinárias.

Diabetes

A micção frequente com uma quantidade anormalmente grande de urina é frequentemente um sintoma relacionado com os tipos 1 e 2 da diabetes, enquanto o organismo tenta “livrar-se” da glicose não utilizada através da urina.

A diabetes, fundamentalmente a tipo 2, atinge uma grande quantidade de pessoas, sendo por vezes o seu diagnóstico tardio pelo facto de os doentes não atribuírem a importância devida aos seus sintomas iniciais.

Gravidez

A partir das primeiras semanas de gravidez, o útero em crescimento coloca pressão sobre a bexiga, originando vontade de urinar com mais frequência.

Saiba, aqui, tudo sobre gravidez.

Problemas de próstata

Nos homens, uma próstata aumentada (HBP) ou com inflamação (prostatite) pode pressionar a uretra (o tubo que leva a urina para fora do corpo) e bloquear o fluxo de urina. Isto faz com que o tecido da parede da bexiga fique irritado. A bexiga começa a contrair mesmo quando contém pequenas quantidades de urina, causando uma micção mais frequente, mas em pouca quantidade. Quando há uma obstrução grave à passagem da urina, a bexiga também pode não se esvaziar completamente, o que provoca também uma micção mais frequente.

Saiba, aqui, tudo sobre prostatite.

Saiba, aqui, tudo sobre HBP.

Alguns medicamentos

Certos medicamentos (remédios) como os diuréticos podem provocar um aumento exagerado da micção.

Os diuréticos são usados para tratar a hipertensão arterial ou acumulação de líquido nos rins, levando o corpo a expelir o excesso de fluido do corpo, causando uma micção mais frequente.

Algumas doenças neurológicas

Danos nos nervos que fornecem informação à bexiga, podem levar a problemas relacionados com a função da mesma, incluindo impulsos frequentes e súbitos de urinar. São alterações englobadas dentro daquilo que genericamente chamamos “bexiga neurogénica” ou, mais corretamente, “disfunção neurogénica do trato urinário inferior”.

Hipercalcemia

A hipercalcemia é caraterizada por níveis de cálcio no sangue elevados. A micção frequente pode ocorrer quando o corpo tenta expelir a acumulação de cálcio no sangue.

Bexiga hiperativa

Em pessoas com uma bexiga hiperativa, contrações involuntárias do órgão podem levar a micção frequente e muitas vezes urgente, mesmo quando não existe urina suficiente para expelir.

Outras causas

Para além das causas anteriormente apresentadas, muitas outras podem estar na origem do problema. Outras causas, podem incluir:

  • Cancro da bexiga;
  • Cálculos da bexiga (litíase vesical);
  • Estenoses (apertos) da uretra;
  • Prolapsos urogenitais

Diagnóstico da causa subjacente

Para diagnosticar a causa da micção frequente, o médico urologista (especialista em urologia) começa por analisar a história clínica do doente e realizar um exame físico.

Após a análise inicial, o médico especialista pode recorrer aos seguintes meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT), para identificar conclusivamente a causa subjacente da micção frequente:

  • Análises ao sangue para verificar a função renal, eletrólitos e glicose no sangue;
  • Análises à urina e exame microscópico;
  • Urofluxometria - este exame permite-nos calcular o volume e a taxa de fluxo de urina expelida quando o doente esvazia a bexiga. Saiba, aqui, o que é urofluxometria;
  • Estudo urodinâmico – trata-se de um exame que imita a fase de armazenamento e de esvaziamento da bexiga. Saiba, aqui, o que é um estudo urodinâmico;
  • Cistoscopia para examinar o interior da bexiga e da uretra, utilizando um instrumento fino e iluminado chamado cistoscópio. Saiba, aqui, o que é cistoscopia;
  • Ecografia (ultrassonografia), tomografia computorizada (TC ou TAC) e ressonância magnética (RM);
  • Algum exame neurológico, de modo a detetar possíveis danos nos nervos ligados ao trato urinário;
  • Entre outros.

Micção frequente - Necessidade de urinar muitas vezes (1)

Tratamentos da micção frequente

O tratamento para micção frequente varia obviamente com a causa subjacente. Ou seja, apenas após o diagnóstico é que o médico urologista poderá definir o tratamento adequado. Veja mais informação sobre tratamentos em cada uma das causas subjacentes.

No entanto, existem algumas medidas que podem ser tomadas em casos de micção frequente, a saber:

Mudanças na alimentação

Geralmente, o médico especialista recomenda uma dieta especifica, de modo a controlar as idas à casa de banho, a saber:

  • Evitar qualquer alimento que possa irritar a bexiga ou que se comporte como um diurético, a saber:
    • Cafeína;
    • Álcool;
    • Bebidas com gás;
    • Produtos à base de tomate;
    • Chocolate;
    • Adoçantes artificiais;
    • Alimentos picantes;
  • Comer alimentos ricos em fibras;
  • Monitorizar a ingestão de alimentos líquidos;
  • Evitar beber líquidos antes de dormir;
  • Entre outros.

Exercícios e treino específico

Em alguns casos, o treino focado nos músculos da bexiga e zona pélvica, pode ser extremamente benéfico no controlo da micção, a saber:

  • Exercícios de Kegel -Exercícios diários regulares podem fortalecer os músculos da pelve e da uretra e apoiar a bexiga;
  • Biofeedback - Usado em conjunto com exercícios de Kegel, a técnica de biofeedback permite que o paciente se torne mais consciente de como o seu próprio corpo funciona. Este aumento da consciência pode ajudar o doente a melhorar o controlo dos músculos pélvicos;
  • Treino da bexiga - Treinar a bexiga para segurar a urina durante mais tempo também pode ser uma opção;
  • Entre outros.

Medicação

Existem diversos medicamentos, como os anti-colinérgicos e os agonistas beta 3, que têm como ação reduzir as contrações da bexiga, e assim evitar a micção frequente. No entanto, estes medicamentos não estão indicados em todos os casos, e nalgumas situações podem agravar o problema, pelo que só o médico poderá avaliar a sua potencial segurança e eficácia.

Outros procedimentos

Em alguns casos selecionados, existem outras opções para os doentes que não respondem a mudanças de estilo de vida e medicação, a saber:

  • Injeção de toxina botulínica (Botox) no músculo da bexiga fazendo com que o mesmo relaxe, aumentando a capacidade de armazenamento de urina e reduzindo episódios de vazamento;
  • Cirurgia de implantação de estimuladores nervosos para controlar a zona pélvica e manipular contrações nos órgãos e músculos dentro da mesma;
  • Entre outros.
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